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As eleições pelo olhar dos jovens

                “Para nós, a política era associada à alegria” afirma Irineu Barreto, cientista político. Teve contato com a política muito cedo, com apenas seis anos, e fazia parte da legião de jovens que eram protagonistas na política.

                A UNE (União Nacional dos Estudantes), UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e a UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas) estiveram envolvidas com as principais questões do país. A resistência à ditadura militar e o movimento Fora Collor são exemplos de como os jovens costumavam se posicionar naquela época.

                “A minha geração viu no movimento dos caras pintadas a necessidade do movimento estudantil participar” - relata Marcela Braga, historiadora e participante do Fora Collor - “Sabíamos que estávamos participando de um momento histórico”.

                Entretanto, o cenário contemporâneo afastou o jovem da política, tirando o protagonismo de suas mãos. “Na última década, a política está associada à corrupção. Os jovens acabaram se afastando da política, porque ela passou a ser associada a algo ruim, nefasto e burocrático” - enfatiza Irineu.

 

               

 

 

 

 

 

                Atualmente, vivemos na era da internet e das fake news. De acordo com pesquisa feita pelo Observatório da Imprensa, nós somos bombardeados diariamente com uma quantidade de dados equivalente a 174 jornais.

                “A enormidade de informações pode ter efeitos diferentes: por um lado ela é importante porque faz a gente estar sempre em contato com a política, mas pode existir outro efeito, que é de nos sobrecarregar com as informações, dando uma sensação de desesperança” explica Julia Maia, jovem participante do coletivo JUNTOS.

                Já André Dias, estudante de engenharia, acredita que as redes sociais são uma grande ferramenta política, mas que não são usadas da maneira correta.

                “Um aspecto das eleições é a estratégia da desinformação, levar o mínimo do debate até as pessoas” diz Julia. E Laís do Vale, presidente da UPES, acrescenta: “Vivemos na era "se está na internet é verdade", e isso causa uma descrença maior nas pessoas”.

                Apesar da desesperança em relação às informações que os jovens recebem, Irineu vê diferença entre o comportamento dos jovens em relação às demais pessoas expostas a fake news: “Os jovens estão mais afeitos a checar aquela informação, não disseminar vídeos falsos e notícias deturpadas”.

                Um conselho que Marcela sempre oferece aos seus alunos é que não basta apenas ter um posicionamento político, mas cabe aos jovens saber “segurar” sua opinião, embasar, ler, buscar e conhecer aquilo que afirmam ser a favor ou contra.

                Nathaly Pirassoli, estudante de administração, acredita que quanto mais cedo os jovens se interessarem por política, melhor será o futuro do país. Porém analisando a participação jovem nos últimos anos, é possível perceber que o jovem participa da política quando algo lhes diz respeito. Como, por exemplo, as manifestações de junho de 2013, a favor do passe livre e a primavera secundarista (ocupações das escolas), que de acordo com a Laís colocou as entidades estudantis em outro patamar, tornando-as exemplo de resistência.

                Para Gabriel Amaral, estudante de políticas públicas, estamos em um dos piores cenários eleitorais, pois o ódio e o fanatismo conquistaram de maneira agressiva a população.

                Ainda assim, há uma saída, como afirma Irineu: “A única maneira dos jovens voltarem a ter engajamento político é que eles percebam que por intermédio da política, eles podem atingir o que eles almejam”.

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Reportagem feita por: Rafaela Ponchirolli, Luiza Pietra Arraya, Helio Gustavo Gadelha, Giancarlo Bonato e Marcos Proença Junior.

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